quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Socioeconomia do IAPAR debate perspectivas da agricultura familiar durante 48º SOBER

Pesquisadores e bolsistas da área de socioeconomia do IAPAR participaram do 48º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER) ocorrido entre os dias 25 e 28 de julho. Ao todo, foram apresentados quatro trabalhos, dois deles através da exibição de pôsteres, pelos bolsistas Luis Sérgio de Oliveira Jr. e Julia Viana Ribeiro; e os outros dois em palestras ministradas pelos pesquisadores Antonio Carlos Laurenti e Norma Kiyota.
Inscrito no painel “Agricultura Familiar e Ruralidade” e com o título “A Evolução da Renda das Pessoas na Nova Ruralidade Brasileira”, o artigo de Laurenti trata da ocupação e rendimento das pessoas residentes no meio rural.

“Trabalhamos, basicamente, com dados da PNAD [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios], no período de 2001 a 2008”, conta o pesquisador. “A importância desse artigo é apresentar as tendências no período sobre renda no meio rural para as atividades agrícolas e não agrícolas, utilizando metodologia desenvolvida pela área de socioeconomia do IAPAR. Um conjunto de sínteses de processamento de dados é feita com dados da PNAD, pesquisa anual, que é, hoje, uma das principais fontes de informações sobre o meio rural, economia e ocupação das pessoas”, acrescenta.
Um dos resultados, segundo Laurenti, é a percepção de que o meio rural já não depende apenas da agricultura em sua nova dinâmica. Embora no Paraná o processo ainda ocorra de forma inversa, o pesquisador salienta que, na maioria das grandes regiões brasileiras, a população rural vem crescendo, sustentada, no entanto, por ocupações não agrícolas.
“Esse tipo de população tem taxas elevadas de crescimento, ao contrário da população economicamente ativa que trabalha na agricultura, que no Brasil vem caindo: aí o Paraná não é exceção, continua caindo também”, observa Laurenti.
“Com o desenvolvimento tecnológico, a mecanização da agricultura e a substituição de lavouras por empreendimentos agropecuários que usam menos mão-de-obra, a expectativa que se cria, normalmente, é de redução do pessoal ocupado com a agricultura. E reduzindo o pessoal na agricultura, automaticamente, as pessoas não ficariam no meio rural, iriam para a cidade”, continua o pesquisador. “Isso ainda acontece, mas o que tem se revelado é que sair da atividade agrícola não corresponde, necessariamente, a sair do meio rural. Em São Paulo, a população que trabalha em atividade não agrícola e que mora no meio rural, já é maior do que a de atividade agrícola”, completa.
Para Laurenti, os dados indicam a necessidade de fortalecer atividades de cunho não necessariamente agrícola, mas que sejam voltadas à população rural. “Porque no fim é uma valorização do meio rural, é uma alternativa à ocupação das pessoas no meio. [Como opção], entendemos que aquelas atividades que são complementares à agricultura - o processamento de matéria-prima, por exemplo, que, aí sim, é uma atividade não agrícola - possam estar mais próximas a essa linha de trabalho”, destaca. “Esse é, realmente, o caminho que estamos nos acostumando cada vez mais, com pessoas que moram no meio rural, mas cuja atividade não está mais relacionada à agricultura. E é um quadro econômico relevante”, conclui o pesquisador.
Agricultura Familiar e Ruralidade – Também presente no 48º SOBER, o pesquisador da Socioeconomia, Dimas Soares Jr., destacou a importância do painel “Agricultura Familiar e Ruralidade”, que foi fundamentado em dados do último censo agropecuário do IBGE, divulgado em setembro de 2009. “Foi um painel bastante rico, que teve apresentações dos responsáveis pelo censo, mostrando uma nova proposta de levantamento de informações para o setor, que deve entrar em vigor a partir de 2012, 2013”, conta Dimas.
“Acredito que eles farão uma pesquisa por amostragem de estabelecimentos rurais e pretendem que ela seja feita a luz do que é hoje a PNAD. Creio que isso vai enriquecer bastante, dar uma nova dinâmica às estatísticas do setor rural do Brasil. Hoje temos muita carência devido ao lapso do tempo: os censos são decenais e há, também, um lapso grande entre a coleta e a divulgação dos dados, que, no último censo, foi de três anos”, complementa o pesquisador.
Soares Jr. diz ainda que, além do aprimoramento profissional, o congresso foi importante, também, para a percepção e a consolidação do trabalho de socioeconomia realizado no IAPAR. “Foi uma oportunidade de vermos para onde o barco está navegando. E até nessa perspectiva, observamos que o que fazemos aqui está numa direção que segue o que está dentro das temáticas, principalmente em nosso foco, a agricultura familiar. O nosso conteúdo e a nossa ação estão muito próximos daquilo que se está discutindo entre os especialistas”, afirma.
Extensionista e coordenador estadual do projeto Redes de Referências, pela EMATER, Sérgio Carneiro concorda: para ele, além de trazer mais segurança ao trabalho desenvolvido, a linha de pensamento comum entre pesquisas de várias regiões do Brasil proporciona, também, inspiração para novas iniciativas no campo da extensão rural.
“Além de questões conjunturais, de ordem macroeconômica, tratadas nos painéis organizados, as apresentações de artigos técnico-científicos ofereceram explicações e soluções de problemas comuns ao meio rural”, diz Carneiro. “Temos feito um esforço em acertar na forma de fazer a intervenção e, muitas vezes, precisamos nos retroalimentar, buscar em outras fontes. Acredito que as Redes de Referências tem que estar cada vez mais presentes em congressos, apresentando os trabalhos e se posicionando, mas, também, com a possibilidade de trazer novas ideias para cá”, completa.

48º SOBER – Também compareceram ao 48º SOBER o pesquisador Rafael Fuentes, coordenador estadual das Redes de Referências pelo IAPAR, e os extensionistas da EMATER, Adenir de Carvalho, Antonio Carlos Gerva, Belmiro Ruiz Marques, Carlos Magno de Paiva Rolla e Ciro Daniel Marques Marcolini.

Jornalista Flávio Augusto , da equipe de Comunicação das Redes de Referências para a Agricultura Familiar - Programa Universidade Sem Fronteiras / Seti / IAPAR / Emater
Área de Socioeconomia - IAPAR/Londrina
Fone: 55 43 3376.2249
comunicacaoredes@iapar.br

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