quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Polêmica: Lei limita uso de 30% das terras do Paraná


A implementação do Código Florestal, intensificada nos últimos meses, vai tirar da agropecuária paranaense 4,8 milhões de hectares. Descontando as áreas de preservação permanente (APPs) e de reserva legal definidas no texto atual, a área total dos estabelecimentos rurais paranaenses que pode ser usada na agricultura e na pecuária recua dos atuais 15,9 milhões de hectares para 11,1 milhões de hectares.

Estudo do professor do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal do Paraná (UFPR) João Batista Padilha Junior indica que, somente a reserva legal, porção de 20% da área do imóvel rural em que é obrigatória a preservação ou recomposição da vegetação nativa, fará o estado perder 3,2 milhões de hectares. As APPs subtraem dos estabelecimentos rurais paranaenses outros 1,6 milhão de hectares.


"Se não houver tecnologia para aumentar a produtividade, teremos um problema", sentencia Padilha. Segundo ele, sem novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, a redução de 30% na área paranaense faria o estado perder cerca de R$ 5,7 bilhões por ano. O valor corresponde à receita bruta que deixaria de circular no estado por causa da queda na produção.

A lei ambiental é um "mal necessário", que veio para ficar, avalia o professor. Para ele, produção e proteção podem, sim, andar juntos, sem conflitos. "Esta é uma ótima oportunidade para rever nosso processo produtivo e replanejar e modernizar a agropecuária brasileira", completa.

Ideias para conciliar produção e preservação e, finalmente, tirar o código florestal brasileiro do papel não faltam. Desde o final do ano passado, quando as discussões sobre o assunto começaram a ganhar espaço na mídia, o governo federal já recebeu, do mais variados setores da sociedade, diversas propostas de como viabilizar a lei ambiental.

O pesquisador Eder Zanetti, da Embrapa Florestas, de Colombo, por exemplo, propõe a implementação de uma política de preços mínimos para os produtos florestais, como já ocorre para os produtos agrícolas. A garantia de renda tornaria a produção florestal atrativa aos olhos do produtor, afirma. "A política de preços mínimos foi responsável pelo desenvolvimento do agronegócio de grãos no Brasil. Por que essa mesma estratégia, aplicada ao mercado florestal, não funcionaria?"

A proposta de Zanetti baseia-se na flexibilização do uso da reserva legal, transformando-a em produtos e serviços. Os produtos, explica o pesquisador, podem virar madeira ou não. "A idéia é viabilizar a exploração econômica da reserva, seja com a produção de madeira ou de mel ou com a venda de serviços, como créditos de carbono." Esses produtos poderiam ser vendidos no mercado internacional com um selo específico, de sustentabilidade, o que agregaria valor à produção florestal brasileira, sugere.

Convencer o agricultor brasileiro a migrar dos grãos para os produtos florestais, contudo, não será tarefa fácil, admite Zanetti. Até porque a migração de uma atividade para a outra transformaria radicalmente o mapa agrícola do país, e isso teria grande impacto na balança comercial do país. "O produtor tem uma vocação, produzir alimentos. Não se pode exigir que ele desenvolva outra, repentinamente. Antes disso, é preciso abrir mercados para esses novos produtos", avalia.

Comente sobre o tema no Blog das Redes!

Fonte: Gazeta do Povo
Autora: Luana Gomes





quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Agricultura Orgânica é destaque no Paraná

Segundo dados do Ministério da Agricultura, o Paraná é o estado onde há mais produtores orgânicos em todo o país. Confira o vídeo e participe do Blog das Redes deixando um comentário sobre o assunto.

Orgânicos terão selo de origem


Dez anos após aparecerem nas prateleiras dos grandes supermercados, os alimentos orgânicos finalmente terão uma regulamentação e um selo único para orientar o modo de produção e a escolha dos consumidores. Até o fim do ano, os cerca de 15 mil produtores do País, mais de 85% deles pequenos e em propriedades familiares, deverão adotar procedimentos básicos de cultivo, colheita e armazenamento, fazendo um cadastro no Ministério da Agricultura e exibindo documento que garanta sua origem.

Isso porque, apesar do crescimento de 114% no número de agricultores em menos de dez anos (de sete mil em 2000 para 15 mil em 2008) e do salto de 196% na área de plantio (de 270 mil hectares para 800 mil hectares no mesmo período), segundo o Ministério da Agricultura, os orgânicos começaram a perder o status de produto restrito a um nicho de mercado


Melhoraram de aspecto, deixando de ser aquela fruta ou legume pequeno e feio, e ganharam em variedade. Hoje, em redes de supermercado, lojas de produtos naturais, mercearias ou mesmo feiras especializadas é possível comprar um leque grande de frutas, legumes e verduras, além de açúcar, café, leite, achocolatado, biscoito, bolo, queijo, iogurte, doces em compota, geleia, pão, azeite e vinagre orgânicos. Há ainda chá, vinho e cerveja orgânicos, as carnes bovinas e frangos - de animais que crescem soltos, sem receber antibióticos ou hormônios.

Sem contar os cosméticos e produtos de higiene pessoal, como sabonete, xampu, detergente, desinfetante e até mesmo algodão para fabricar tecidos. "Hoje eu distribuo orgânico para grandes redes e também para padarias de bairro, mercadinhos, lojas menores. Definitivamente deixou de ser um produto que apenas as classes A e B consomem, como era até pouco tempo", diz Antonio Sá, sócio do Empório em Casa, especializado em delivery semanal de cestas com produtos orgânicos, e da Orgânica Mix, uma das maiores empresas de distribuição e representação de orgânicos no País. "Empresas e hotéis começam a colocar em seus cardápios, sem contar as escolas, abrindo mercado", afirma.

Identificação

Sá trabalha com diversos fornecedores, de vários Estados, levando para grandes e pequenos pontos-de-venda os produtos. Cada um deles, para provar que é orgânico, paga uma taxa que varia de R$ 500 mil a R$ 5 mil a uma empresa certificadora, que lhe dá um selo de garantia - hoje existem mais de 20 dessas empresas, o que confunde o consumidor. Além disso, cada certificadora tem suas próprias regras para definir o que é alimento orgânico.

"Vejo um pé de alface que custa R$ 50 e outro que custa R$ 1,50 e como vou ter certeza que ele é mesmo orgânico?", questiona a professora de educação física Natália Gratenberg, de 27 anos, adepta de uma alimentação saudável, com menos produtos químicos possíveis. "Na dúvida, tem dia que acabo comprando e tem dia que não. Ou então, compro os produtos nos quais a diferença de preço não é tão grande", conta.

Justamente para acabar com esse tipo de dúvida e regular o setor, ajudando a identificar com maior precisão onde estão e quantos são os produtores, que o selo foi criado. Ele vem com uma regulamentação maior para a área, que inclui regras de produção, comercialização e mecanismos de controle. Aprovada em 2003 no Congresso e em vigor desde o fim de 2007, ela estabeleceu dois anos para produtores se adaptarem.

"A regulamentação é importante para que os produtores possam se organizar melhor e para que o consumidor saiba o que é o orgânico, que vai muito além do que só ser um produto que não usa agrotóxicos", explica Rogério Dias, coordenador de agroecologia do Ministério da Agricultura. "O orgânico é um alimento feito sem uso de agrotóxicos, sem condições de trabalho degradante, com manejo para uso adequado do solo e água. Ou seja, é um alimento em harmonia com o ambiente."

Com isso, até o fim do ano, produtores que vendem em feiras deverão se organizar em associações, que terão registro no ministério e darão direito a um documento (espécie de alvará). Quando ele for vender direto ao consumidor, deverá exibir esse documento para provar que está de acordo com as normas. Já os produtores maiores, que trabalham com redes de distribuição, levarão o selo único. Nesse caso, as certificadoras serão optativas e terão de se adequar à lei. [OS ORGÂNICOS]Por terem sido definidas com o setor, não deve haver resistências no cumprimento das regras do ministério, segundo José Pedro Santiago, presidente da Câmara Setorial da Agricultura Orgânica. "Para os produtores, a diferença será pouca. Eles terão de seguir normas que são consenso no mundo."

Para Dias, a normatização ajudará a venda ao mercado interno - muitas vezes as exportações o deixam em segundo plano. De agosto de 2006 a setembro de 2008, o Brasil exportou 37 mil toneladas em produtos orgânicos, que equivale a uma receita de US$ 26,7 milhões.

Em média, orgânicos são de 10% a 30% mais caros que convencionais

Com o mercado mais organizado, o preço continua um entrave para que orgânicos ganhem espaço - mesmo com o crescimento, esse produto representa apenas 1% dos alimentos consumidos no Brasil. Mesmo que a cadeia produtiva siga aumentando, a dificuldade com transporte e pontos-de-venda, além das condições de produção, fazem com que a queda no preço fique lenta e difícil.

Hoje, em média, os orgânicos são de 10% a 30% mais caros do que os alimentos convencionais, variação que depende do tipo de produto e da época. Em hortaliças e frutas, a diferença tem caído. Quanto aos laticínios, o preço pode ser mais do que o dobro.

"O produto orgânico cuida do solo, da água, da saúde dos consumidores e dos trabalhadores, da biodiversidade e isso gera custos. Ele evita que a sociedade pague na forma de serviços de despoluição, tratamento de doenças, desassoreamento de rios e lagos, recuperação de solos erodidos, recomposição da fauna e da flora", afirma José Pedro Santiago, presidente da Câmara Setorial da Agricultura Orgânica. "Se fizermos contas sociais e ambientais, o produto orgânico talvez tenha o mesmo preço do convencional", defende.

Na prática, esse raciocínio nem sempre convence. "Em feiras populares, onde você tem o produto convencional e o orgânico, você ainda perde porque o consumidor só pensa em preço, ele nem sempre tem informações sobre os orgânicos e condições financeiras para consumi-los", conta Robson Carvalho, dono de sítio em Ibiúna.

Ex-gerente de restaurante em São Paulo, mas formado em Agronomia, ele decidiu há três anos comprar a propriedade.

Lá, planta cerca de 50 tipos de legumes e vegetais, ganhando mais pela diversidade oferecida do que pela quantidade de um mesmo produto - como fazem os agricultores tradicionais e poucos agricultores orgânicos, como produtores de açúcar e laranja. "Tenho um ponto de venda em uma escola. E um projeto didático, no qual crianças vêm até o sítio", diz Carvalho.

Dono do primeiro box voltado para orgânicos no Mercado Municipal, o Empório Família Mendonça, Fábio Luís Mendonça conta que a busca tem aumentado. "Abri há oito meses", diz. "Os clientes são pessoas que já conhecem os produtos ou que têm problemas de saúde e querem uma alimentação saudável."

Ainda faltam estudos sobre benefícios à saúde

Apesar de não ser consenso, os benefícios dos alimentos orgânicos para a saúde começam a ser mostrados em estudos de vários centros de pesquisa. De maneira geral, os trabalhos apontam que produtos sem agrotóxicos têm mais nutrientes que os convencionais.

Um dos estudos, feito por cientistas da Rutgers University, em New Jersey (EUA), encontrou diferenças consideráveis na quantidade de nutrientes nos alimentos convencionais e orgânicos. Descobriram, por exemplo, que o teor de ferro no espinafre orgânico era 97% mais alto que no convencional. Em relação ao alface, a diferença foi de 200%.

Outra pesquisa, realizada durante três anos na Grã-Bretanha, mostrou que legumes e frutas orgânicos contêm até 40% mais antioxidantes do que seus equivalentes não orgânicos. O leite orgânico teria entre 50% e 80% mais antioxidantes. Os resultados também sugerem que os orgânicos têm menos ácidos graxos trans, considerados nocivos à saúde. E mostraram que trigo, tomate, batata, repolho, cebola e alface orgânicos contêm entre 20% e 40% mais nutrientes.

"Teoricamente, qualquer alimento sem agrotóxico é melhor para a saúde, então os nutricionistas e médicos recomendam que se consuma orgânicos quando possível", explica a nutricionista Daniela Silveira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Mas é um assunto que precisa de mais estudos. Isso porque o efeito nocivo do agrotóxico não é imediato e depende da quantidade e do tempo em que é ingerido. Faltam estudos de longo prazo populacionais", diz ela.

Como exemplo de evidência científica interessante, a nutricionista cita um trabalho com 90 mil mulheres. Ao acompanhar o histórico delas, os cientistas descobriram que as que consumiram uma porção e meia de carne vermelha por dia tiveram quase o dobro de risco de câncer de mama associados a hormônios. Após estudar os dados, eles relacionaram o câncer aos hormônios de crescimento injetados no gado.

Publicado pelo O Estado de São Paulo (18/01)
por Simone Iwasso

Comente em nosso box abaixo o que você acha da agricultura orgânica. Participe!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Agricultura familiar sustentável ganha espaço no país


A exigência do mercado tem feito com que os responsáveis pelo agronegócio brasileiro busquem alternativas mais sustentáveis para expandir a produção. Um dos caminhos é o fortalecimento da agricultura familiar, que estava reduzida no país nas últimas décadas. As mudanças aplicadas na política do governo, aliadas a uma maior conscientização da sociedade quanto à origem dos produtos que consomem, têm impulsionado o agronegócio familiar, principalmente na área de biocombustíveis, afirma o diretor da Hecta - Desenvolvimento Empresarial nos Agronegócios, José Carlos Pedreira de Freitas.

"Dos 5,2 milhões de produtores que temos hoje no Brasil, cerca de 4 milhões são familiares e produzem principalmente frutas, verduras, leite, café e flores", destaca.


Freitas diz que até pouco tempo esses agricultores estavam fora do modelo, desenvolvido na década de 1960 e que beneficiava a grande produção. "O que havia era um modelo baseado em um paradigma de abundância e uso intensivo dos recursos naturais, do capital, dos combustíveis fósseis (como o diesel) e dos insumos sintéticos".

O diretor afirma que hoje estamos entrando em um novo paradigma, baseado na produção sustentável e que exige uma transformação da cultura. "É um paradigma da inclusão, para evitar a migração do campo", explica, lembrando que os combustíveis fósseis e os insumos sintéticos atualmente são caros e nocivos ao meio ambiente. Por isso, acrescenta ele, é preciso desenvolver novas tecnologias voltadas para a preservação da natureza.

Freitas diz que estamos vivendo a transição de uma era dos recursos fartos e mal aproveitados para uma de consciência ambiental. "Prova disso é a importância que se tem dado à agricultura orgânica e aos estudos de agroecologia", enfatiza.

O valor que a sociedade tem atribuído aos produtos orgânicos aumenta a renda dos pequenos produtores, que investem na agroindústria artesanal para produzir compotas, conservas e outros itens de valor agregado dentro da propriedade, com apoio da família, sem precisar deixar o campo para garantir a subsistência.

"A agricultura familiar é responsável por 75% do abastecimento interno de alimentos no Brasil", afirma Freitas. Ele diz que as pequenas propriedades, apesar de serem locais e pulverizadas, fazem toda a diferença na cadeia de produção: "Cerca de 92% dos produtores de leite do país possuem até 20 vacas, são muito pequenos".

Latifúndios

Apesar de a agricultura familiar e orgânica estar ganhando mais destaque no cenário nacional, as grandes propriedades continuam sendo as maiores fornecedoras do mercado externo. Mas as exigências internacionais também estão cada vez mais rigorosas, obrigando os grandes produtores a se adequarem à nova onda de sustentabilidade.

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Ariovaldo Luchiari Junior, diz que a rastreabilidade do produto - para verificar toda a cadeia de produção, do campo até as gôndolas dos supermercados - é requisito essencial para a exportação; assim como o cumprimento de práticas agrícolas, de legislação ambiental, social e trabalhista.

"Uma série de usinas do Nordeste já possui certificação ISO 14000, que é uma exigência internacional, e muitas estão reconvertendo áreas de plantio para garantir o seu mercado", afirma Luchiari.

Ele diz que a modernização no campo é fundamental, pois não existe mais espaço para produtores que desejam manter grandes extensões de terra com baixo índice tecnológico - o que, segundo ele, significa uma expansão de desordenada.

Para garantir o lugar ao sol, os grandes produtores buscam melhorar suas práticas. Na área trabalhista precisam cumprir a legislação fornecendo melhores condições aos funcionários, que têm direito a equipamentos de proteção individual, carga horária dividida em turnos, banheiros químicos e local adequado para as refeições no campo.

Há também os que prefiram mecanizar a produção para cortar custos, já que o mercado de máquinas agrícolas fornece equipamentos como uma colheitadeira de laranja capaz de substituir sozinha o trabalho de 120 homens.

Na área ambiental, uma preocupação constante dos produtores deve ser com a redução de emissão de gases causadores do efeito estufa. Para aumentar a eficiência da produção de forma sustentável, Luchiari sugere a adoção de práticas como o plantio direto, a substituição de combustíveis fósseis por renováveis, o uso de adubo orgânico, além da produção integrada de frutas e de grãos.

Freitas vai além, defendendo a integração de lavoura, pecuária e floresta para aumentar a produtividade de um mesmo espaço de terra. "Temos muitas áreas de pasto degradadas no Centro-Oeste, onde é possível aumentar em cinco vezes a quantidade de cabeças de gado", propõe.

Por Sabrina Domingos, do Carbono Brasil (para o Envolverde)

Participe do nosso blog. Deixe um comentário no box abaixo!



segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Reserva legal e área de preservação permanente: 11 pontos para reflexão


1 A Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, que instituiu o Código Florestal, foi acrescida de alterações e dispositivos pela Medida Provisória n° 2166-67, de 24 de agosto de 2001.

2 Ao longo do tempo, o conceito do Código passou de suporte conservacionista à atividade rural para se vincular à necessidade de uso sustentável dos recursos naturais, reabilitação dos processos ecológicos, manutenção da biodiversidade e proteção da fauna e flora nativas;

3 Essa mudança conceitual implica redução das áreas potencialmente destinadas à produção rural, em vez de estimular a proteção da fauna e da flora em áreas de solos inapropriados para cultivar. Não define áreas sob tutela do Estado para proteção de biomas importantes;

4 Em ambos os instrumentos legais, o tema crítico diz respeito à inexistência de exposição de motivos para a adoção dos institutos e das medidas métricas e de proporção, respectivamente, as Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal;

5 Para que a Reserva Legal se justifique e cumpra sua função ambiental falta determinar:
a. O embasamento técnico e científico;
b. A realização do zoneamento ecológico e econômico pelo Poder Público conforme competência estatuída no Artigo 225, da Carta Constitucional.

6 Cada estado da federação tem por obrigação elaborar sua própria política florestal, com parâmetros e limites adaptados à realidade social, econômica e ambiental do seu território, como informado no Artigo n° 225 da Constituição Federal;

7 Os parâmetros definidos para o percentual de proteção da Reserva Legal e as metragens das Áreas de Preservação Permanente:
a. Não são baseados em estudos de viabilidade e eficácia ecológica dos biomas e das bacias hidrográficas;
b. Ferem a autonomia federativa.

8 A proibição de computar a Área de Preservação Permanente no percentual de Reserva Legal a ser averbada não é uma alternativa de uso sustentável para viabilizar economicamente a propriedade rural;

9 A averbação de Reserva Legal em estados com estrutura fundiária constituída de pequenas e médias propriedades:
a. Pode formar fragmentos florestais esparsos e desordenados;
b. Pode não contribuir para a estruturação dos ecossistemas, a funcionalidade ecológica e a biodiversidade.

10 A compensação da Reserva Legal vinculada à localização da área a ser averbada na mesma micro bacia hidrográfica do imóvel, além da falta de fundamentação técnica, não permite a formação de condomínios de bacias de Reserva Legal em extensões suficientes para cumprir a função ambiental;

11 O Zoneamento Agroecológico deve focar as necessidades dos ecossistemas com equilíbrio biológico para determinar a proporcional demanda territorial. Isso estimula a formação de grandes fragmentos florestais, de forma coordenada e tecnicamente fundamentada.

Deixe seu ponto de vista no box de comentários. Participe!

Fonte: Revista Agroanalysis

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Decreto sobre Reserva Legal não retira multas e pode prejudicar dois milhões de propriedades


Apesar da ampliação, para 11 de dezembro de 2009, do prazo para os produtores rurais averbarem as áreas de Reserva Legal de suas propriedades, as modificações do Decreto 6686 atenderam a poucas reivindicações do setor e mantiveram as multas ilegais impostas aos produtores rurais que praticarem infrações ambientais.

A manifestação é do presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Assuero Veronez, a respeito do texto publicado no final do ano passado no Diário Oficial da União, que alterou dispositivos do Decreto 6514, que estabeleceu novas infrações e sanções a pretexto de regulamentar a Lei de Crimes Ambientais (9605/98). "Ficou aquém do que reivindicamos e não retirou a maioria das inconstitucionalidades do texto anterior" afirma Veronez. Segundo ele, dois milhões de propriedades devem ser afetadas pelas penalidades que permaneceram no novo texto.

Para Veronez, a prorrogação da data limite para os proprietários rurais registrarem a reserva Legal de suas propriedades foi um dos poucos pontos positivos. No entanto, ressalta, apenas a concessão do prazo é insuficiente. Ele avalia que o principal desafio é reformular o Código Florestal Brasileiro (CFB) para que o produtor rural possa se adaptar e cumprir a legislação ambiental. "É apenas uma trégua para o produtor não ser importunado pelos fiscais ambientais, mas teremos os mesmos problemas se não revisarmos a legislação ambiental como um todo", salienta. Outra alteração favorável mencionada pelo presidente da Comissão de Meio Ambiente da CNA é a aplicação de embargos a obras ou atividades apenas no local da propriedade em que ficar constatada a infração ambiental. "Antes o embargo era em toda a propriedade, mesmo se a infração ocorresse em uma parte do imóvel", explica.

O decreto determina, ainda, a suspensão, até 11 de dezembro do próximo ano, dos embargos decorrentes da ocupação irregular de áreas de Reserva Legal que não foram averbadas. Contudo, o proprietário terá de protocolar pedido de regularização desta área. A Reserva Legal determina os percentuais de vegetação nativa que devem ser preservados dentro das propriedades. Os índices que devem ser cumpridos são de 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% nos outros biomas.

Fonte: FAEP

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Variedades de feijão desenvolvidas pelo Iapar são tolerantes à seca

O Paraná sofre perdas históricas com a estiagem prolongada, que começou em novembro e só diminuiu nesta semana. Para as próximas safras, os produtores de feijão podem ter menos prejuízos no Estado. O Instituto Agronômico (Iapar) desenvolveu variedades resistentes a doenças que se mostraram também mais tolerantes aos efeitos da seca

Sucessão Familiar: Pais e Filhos na Gestão das Propriedades Rurais



Tão importante quanto conquistar o tempo de vida longa de uma empresa familiar, é conquistar a admiração de seus parceiros de negócios.

Ao lidar com os filhos, os pais devem levar em conta a diversidade humana que tem em casa. Apesar da criação ser aparentemente a mesma, cada ação dos pais é registrada de forma diferente pelos filhos.

Com o passar dos anos as famílias são compostas de pais, filhos, genros e noras com diversidade ainda muito maior que a estrutura familiar inicial.

A Gestão e a Sucessão no agronegócio brasileiro até poucos anos atrás se dava de maneira intuitiva.


Atualmente as propriedades rurais tornaram-se verdadeiras empresas onde são utilizadas altas tecnologias, com patrimônio bastante diversificado, além da terra existem (construções, instalações, máquinas, equipamentos, marcas e genética), ativos estes difíceis de serem geridos e divididos por intuição.

Por trás de todo o patrimônio e do negócio existem famílias, pessoas que pensam e agem diferentes e que se não forem bem administradas as relações, certamente levarão o Negócio e o Patrimônio ao fracasso.

Dentro desta realidade que é o agronegócio brasileiro, a SAFRAS & CIFRAS vem trabalhando ao longo dos anos com a Estruturação do Negócio Familiar e o Planejamento Sucessório.

Procuramos distinguir a grande diferença que existe entre Explorar a Propriedade e Transferir o Patrimônio.

Na nossa visão todos os filhos têm o direito de receber o valor do patrimônio familiar dividido igualitariamente, mas o mesmo não é verdadeiro na participação da exploração do negócio, já que alguns poderão ter uma dedicação maior que outros no mesmo.

Temos operacionalizado as duas formas como acabamos de citar e os resultados têm sido excelentes.

Com este formato de gestão das propriedades rurais exploradas por pais e filhos, temos conseguido manter a relação familiar e a unidade do negócio.

A nossa ação é conseqüência do conhecimento de como funcionam as empresas familiares rurais que apresentam uma complexidade de caminharem juntos, negócio e família, que separados já são difíceis, podemos imaginar quando existe uma relação próxima de amor e dinheiro.

No meio rural ainda é mais complexo porque além da relação de amor e negócio existe um terceiro fator que é o espaço físico das propriedades com suas histórias, acessos, sedes, fontes de água, solos diferentes e muitas vezes residências dos proprietários junto às mesmas.

Nos negócios familiares o relacionamento precisa continuar mesmo depois de alguém sair da empresa ou se separar do cônjuge, o que seria importante, mas não necessário em negócios que tenham outros sócios que não são da família.

Muitas vezes são os conflitos familiares e não o clima e mercado que barram o desenvolvimento dos negócios rurais familiares.

Dúvidas e ações que normalmente tem os pais que trabalham com filhos nas propriedades rurais:

o Conflito de gerações;
o Pais que julgam ter poder de vida e morte sobre o negócio e a propriedade;
o Como o filho pode participar do negócio?
o Parceria;
o Pró-labore;
o Participação no resultado do negócio;
o Falta de controles econômicos, o que dificulta aos pais e filhos de quantificar a participação dos mesmos no resultado do negócio;
o Tem renda para que todos os filhos possam trabalhar na propriedade?
o Os filhos que trabalham fora da propriedade em outras atividades têm direito a um percentual do resultado do negócio?
o Como distribuir as responsabilidades na propriedade entre pais e filhos para que diminua os conflitos?
o Os filhos que trabalham fora da propriedade em outras atividades, devem ser informados em algum momento durante o ano sobre como anda o negócio?
o Tributariamente, qual a melhor forma dos filhos participarem do negócio, visando diminuir o custo dos impostos?
o Devem existir reuniões periódicas entre pais e filhos que trabalham juntos para que os assuntos de gestão não sejam tratados em momentos de lazer da família?
o Os filhos que trabalham na propriedade poderão ter explorações agropecuárias separadas dentro do imóvel ou fora dele que se comunique com o negócio dos pais na utilização comum de máquinas, equipamentos, etc?
o Posteriormente ao casamento dos filhos que trabalham na propriedade como deverá ser a relação com os cônjuges dos mesmos?
o Os filhos que trabalham com os pais, deverão na sucessão ter uma participação maior no patrimônio (terra)?
o Quais são as conseqüências dos pais comprarem terras para os filhos que trabalham juntos em detrimento dos demais?
o Qual o melhor momento de estabelecer a relação comercial entre pais e filhos?
o É importante que existam regras escritas que determinem a relação?

O segredo está na forma de como os pais e filhos interagem. Se pais e filhos forem diferentes brigarão, se forem muito iguais, acabarão brigando também. Se forem cheio de idéias, mas nenhum for bom para executá-las, o negócio não irá para frente.

Os filhos se enriquecerão ao escutar seus pais, da mesma forma, os pais também têm muito a ganhar se ouvirem os filhos, pois muitas vezes eles estão mais sintonizados com as atuais necessidades do mercado.

Ações desenvolvidas pela SAFRAS & CIFRAS junto as famílias (pais e filhos) que trabalham conjuntamente em propriedades rurais:

o O pai não deve forçar a entrada dos filhos no negócio familiar porque afinal o tempo está a favor deles, a menos que o mesmo precise com urgência;
o Na situação de todos os filhos ou alguns deles explorarem o negócio conjuntamente com os pais, as recomendações da SAFRAS & CIFRAS são as seguintes:
o Para diminuir o conflito da família, o primeiro passo é organizar a propriedade e o negócio, para que possa ser administrada econômica e financeiramente;
o Estabelecer rotinas de reuniões entre os membros da família que participam da gestão da propriedade;
o Uma vez por ano no mínimo deve ser realizada uma reunião e apresentado um Demonstrativo do Resultado do Negócio para os filhos que não participam do mesmo. A propriedade e o negócio não podem ser tratados como se fosse um cofre, que só conhecem o segredo dos mesmos, pais e filhos que estão participando da gestão diretamente;
o Definir claramente as funções dos pais e filhos na gestão da propriedade para que diminuam os atritos.
o O negócio pode não ter capacidade econômica que permita a participação de todos os filhos da renda do mesmo;
o Definida a participação dos filhos na gestão da propriedade deverá ser estabelecido de que forma participarão financeiramente. A SAFRAS & CIFRAS tem implantado formas de relações comerciais entre pais e filhos dentro da capacidade financeira do negócio, que permita atender as necessidades pessoais dos membros da família envolvidos diretamente e os filhos que estão fora do mesmo. É importante que esta tomada de decisão seja estabelecida no início da relação comercial de pais e filhos porque quanto mais tarde ocorrer a dificuldade de implantar a forma de participação será muito maior.
o Não deve ser permitido aos filhos que tenham relação comercial com os pais, que os mesmos tenham negócios similares paralelos aos da sociedade. Sempre que existirem atividades similares individuais paralelas ao negócio principal da família, a conseqüência é que ocorrerá desconfiança dos demais membros com relação a utilização dos recursos do negócio familiar em proveito individual, portanto, foco de atritos.
o A boa gestão de uma propriedade rural obriga que a mesma tenha controles econômicos, financeiros e físicos independente de explorar a mesma com a família ou não. No caso de ser explorada a propriedade entre pais e filhos é fundamental que existam estes controles para que possa ser dimensionado o resultado e conseqüentemente a participação de cada uma das partes envolvidas.

Estas são algumas das ações implantadas pela SAFRAS & CIFRAS na gestão de propriedades rurais que tem participação de pais e filhos no negócio.

As ações comentadas anteriormente apresentam resultados altamente positivos nos seguintes aspectos:

o Permite uma relação harmoniosa da família;
o Permite a continuidade do negócio familiar por mais de uma geração;
o Permite o crescimento econômico e financeiro da empresa;
o Estabelece uma relação comercial entre pais, filhos e netos;
o Permite que as novas gerações conheçam o negócio da família mais cedo e com isto possam tomar decisões com relação as suas carreiras profissionais;
o Permite estabelecer formas de participação ou não dos cônjuges no negócio familiar;
o Tranqüiliza os pais com relação ao processo de sucessão;
o Permite preparar a sucessão do patrimônio em vida, com custo e atritos muito menor;
o Obriga que a propriedade tenha controles e rotinas administrativas, o que faz melhorar a eficiência da gestão;
o Mantém o tamanho da propriedade além de fazer crescer a mesma, o que é extremamente importante para o aumento da escala de produção;
o Vence o desafio de transformar a família numa família empresária.

O êxito de um programa Sucessório vai depender da maneira que os pais preparam a sua família para o poder e a riqueza.

O processo de SUCESSÃO é inerente a vida das pessoas e das empresas e por isto deverão ser planejados e estruturados sempre com a presença dos pais.

Estamos conscientes que o aprendizado na vida das pessoas é permanente, mas temos certeza que as dúvidas e soluções aqui apresentadas, em muito ajudarão os produtores rurais na manutenção dos seus sonhos que é dar continuidade aos seus negócios através de seus filhos, mantendo a harmonia familiar.
"Na família você é aceito pelo que é, na empresa pelo que faz."

Cilotér Borges Iribarrem
Consultor SAFRAS & CIFRAS, Engenheiro Agrônomo, Empresário Rural, Pós Graduado em Economia, Administração Rural e Produção Vegetal.

Fonte: Milkpoint

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Blog das Redes está no ar!


À partir desta segunda-feira, 2 de fevereiro, as Redes de Referências para Agricultura Familiar começam uma nova empreitada em sua área de comunicação: o blog das Redes.
Com o objetivo de maior aproximação entre às equipes de trabalho, o blog das Redes vai trazer diferentes assuntos que poderão ser compartilhadas por toda equipe neste espaço! Esperamos sugestões de todos.

Para postar um comentário no blog, é só enviar para o e-mail comunicacaoredes@iapar.br.