sexta-feira, 27 de abril de 2012

Pesquisadora das Redes de Referências da região Centro Sul ressalta a visão sistêmica, a participação e a proximidade de agricultores, extensionistas e pesquisadores como atributos do Projeto


A pesquisadoras das Redes da região Centro Sul, Cátia Cristina Rommel

A pesquisadora Cátia Cristina Rommel se formou em agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 2006. Possui uma especialização em Agricultura Familiar (UFRGS) e outra em Soberania Alimentar e Agroecologia Emergente (UNIA, Espanha). Obteve o título de mestre em Fitotecnia no ano de 2009, também pela UFRGS. Neste mesmo ano começou a trabalhar como pesquisadora no Iapar e, desde o princípio, participa das Redes de Referências atuando na região Centro Sul do Paraná.

Qual a sua atuação nas Redes de Referências?

Atuo principalmente na Rede de Propriedades de Referência em Sistemas de Produção de Base Familiar Agroecológica no Centro Sul do Paraná. Nesta, a atuação é maior no braço da Rede em Inácio Martins, que tem se configurado uma Rede sobre transição agroecológica. A atuação é como especialista, conduzindo unidades de teste e validação (UTV) e pesquisas, e como articuladora da Rede.

Como é desenvolvido o trabalho das Redes na região Centro-Sul?

A Rede no Centro Sul tem três enfoques principais: agroecologia, grãos e leite. Dentre estes, como já dito, atuo principalmente na "Rede Agroecológica", portanto centrarei sobre este enfoque as considerações. O trabalho é desenvolvido junto a propriedades, cuja produção agrícola tem bases agroecológicas, em diversos municípios da região: Rio Azul, União da Vitória, São Mateus do Sul, Porto Vitória e Inácio Martins. Além dos agricultores e agricultoras, participam do trabalho extensionistas da Emater e Fundação Terra, representantes de Secretarias Municipais de Agricultura e de Sindicatos. A Rede Agroecológica começou a ser formada em 2004 e desde lá, através das diversas parcerias, tem trazido alguns bons resultados: referências para diversificação de sistemas de produção que incluem o cultivo de tabaco (com diversas publicações que podem ser conferidas no site das Redes de Referências); referências em sistemas silvipastoril que desfecharam em política pública; UTVs de pastagens visando diminuição de vazios forrageiros, UTVs de manejo de solos e plantas de coberturas, UTVs de avaliação participativa de cultivares de milho, participação do Observatório de Soberania Alimentar e Agroecologia Emergente (Espanha) através de sistematização de experiência; melhoria de propriedades e facilitação no fluxo de informações com outras redes.

Pesquisadores e extensonistas das Redes promovem capacitações sobre a metodologia do mesmo, como ocorre agora no acompanhamento de Unidades Referenciais do Emater. Você acredita na universalidade da metodologia do Projeto?

Com certeza, os quase 14 anos de caminhada das Redes de Referências trouxeram inúmeras aprendizagens. Mas nenhum caminho é igual ao outro. Pode-se ter subido 10, 15, 20 montanhas, mas não se pode subestimar a que se está subindo agora. A experiência mostra justamente que não há regras rígidas e caminhos fixos, mas sim sinais que indicam onde não pisar, quando dar passos mais largos, quando acelerar, quando recuar e do que desviar. E estes sinais nunca são os mesmos. Por isso não é necessário conhecer os sinais, mas sim conhecer como perceber os sinais. O que quero dizer com isso é que nenhum "modo de fazer", nenhum método, é universal. O método das Redes sempre precisará de adaptações, mas a experiência tem ensinado a perceber os sinais, que vem configurando a essência das Redes: a visão sistêmica, a participação e proximidade de agricultores, extensionistas e pesquisadores.

Para finalizar, qual a sua expectativa em relação ao Projeto para os próximos anos? O que deve ser mudado? O que deve ser mantido?

Acredito que apesar de necessário em alguns momentos e ocasiões, as validações de tecnologias precisam evoluir para pesquisa participativa, pelo simples fato que nenhuma forma de conhecimento, inclusive o científico, tem capacidade de dar conta de toda riqueza e diversidade do mundo. Portanto, não é apenas questão de validar e adaptar, mas também de dar espaço para outras formas de saber e realizar uma tradução de saberes, isto é, ver o que há de comum entre as várias formas de conhecimento sobre um determinado assunto, sem que uma forma seja mais valorada que as outras. Além disso, sou da opinião de que os trabalhos, tanto de pesquisa, quanto de validação ou melhorias de sistemas, devem ser focados em tecnologias e/ou processos que trazem autonomia, evoluindo para uma autogestão. Sem dúvidas, a visão sistêmica e a proximidade entre diversos atores deve ser mantida, para manter também a essência das Redes.

Crédito de imagem: Arquivo/Projeto Redes
Crédito de texto: Cinthia Milanez, com informações de Cátia Cristina Rommel
Bolsista de Comunicação Social – Jornalismo
Projeto Redes de Referências para a Agricultura Familiar / CNPq/ IAPAR / EMATER
Telefone: (43) 3376 – 2274
E-mail: comunicacaoredes@iapar.br

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